Assinalam-se hoje 73 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz, local onde morreram mais de 1,3 milhões de pessoas.
Neste dia em que se recordam as vítimas do Holocausto, muitos são os meios de comunicação social (e não só!) que relatam episódios do extermínio nazi.
Qual a intenção? É preciso não esquecer!
As Nações Unidas escolheram este dia por se tratar do aniversário da libertação do Campo de Concentração de Auschwitz-Birkenau pelas tropas soviéticas em 1945.
É um dia em que as Nações Unidas lembram os seis milhões de homens, mulheres e crianças judeus que morreram vítimas do regime nazi. António Guterres lembra que o antissemitismo persiste e que existe um aumento de outras formas de preconceito: "Quando os valores da humanidade são abandonados, onde quer que sejam, todos nós ficamos sob risco." -
Veja a mensagem do Secretário-geral na íntegra aqui 👇
Mas nem só as Nações Unidas lembram este dia. Muitas são as estruturas, organizações e instituições que também o fazem, bem como Governos de muitos países.
“Não aconteceu nada depois de Auschwitz que tenha anulado Auschwitz, que tenha refutado Auschwitz. Nos meus escritos, o Holocausto nunca pode aparecer no passado.” Estas são as terríveis palavras do grande escritor húngaro e Prémio Nobel de literatura Imre Kertész. Mais de 70 ano após o horror nazi, a transmissão desta história continua a ser tão relevante como antes.
Por este motivo, na sequência do Conselho da Europa, as Nações Unidas instituíram o Dia Internacional dedicado à Memória das Vítimas do Holocausto, a 27 de janeiro, data em que, em 1945, os soldados soviéticos entraram no Campo de Auschwitz-Birkenau. Com esta decisão, as Nações Unidas afirmaram simultaneamente o caráter específico da Shoah, o genocídio do povo judeu, mas também o seu alcance universal. A transmissão desta história e a lembrança de todas as vítimas dos crimes nazis são um apelo para o fortalecimento do compromisso das nações em prol da paz.
Embora a Shoah inspire uma reflexão inesgotável sobre a espécie humana, que recorda a possibilidade do pior, esta implica também um exercício de memória que deve focar-se no futuro. Foi a mensagem que defendeu durante toda a sua vida Samuel Pisar, sobrevivente de Auschwitz e antigo Enviado Especial da UNESCO para o ensino da história do Holocausto e a prevenção do genocídio:
“Temos um dever visceral de partilhar com os nossos semelhantes a memória do que vivemos e aprendemos na carne e na alma. Devemos alertar os nossos filhos, Judeus e não-Judeus, para o fanatismo e a violência que se espalham no nosso mundo, novamente em chamas, que podem destruir o seu universo como anteriormente destruíram o meu”.
O Tema “A educação e a memória do Holocausto: a nossa responsabilidade partilhada” foi o escolhido para este Dia Internacional em 2018. Todos temos um papel a desempenhar – atores políticos, peritos, historiadores, artistas, comunidade educativa, cidadãos. Podemos armar as consciências contra o esquecimento, o negacionismo, a relativização dos crimes e o regresso dos estereótipos que alimentam o ódio. À manipulação dos factos, podemos opor um discurso de veracidade. A luta contra o antissemitismo, sob todas as suas formas, está no cerne deste combate. Este é o espírito do programa mundial da UNESCO para o ensino do Holocausto e dos genocídios,
e dos eventos organizados este ano na sede da UNESCO: exposições – A noite de cristal com o Memorial da Shoah, Memórias roubadas com o Serviço internacional de busca de Bad Arolsen-, uma projeção – As 4 irmãs de Claude Lanzmann -, e várias mesas redondas, para transmitir e extrair lições da história.