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Biblioteca Escolar / Centro de Recursos da ESSMO

O importante não é onde chegas, mas o caminho que percorres.

Biblioteca Escolar / Centro de Recursos da ESSMO

O importante não é onde chegas, mas o caminho que percorres.

Citação do dia

“As dificuldades justificam uma política pública de leitura, nas escolas e fora delas”

 

Entrevista a Teresa Calçada, coordenadora do gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares.

“As dificuldades justificam uma política pública de leitura, nas escolas e fora delas”

 

 JOÃO CORDEIRO       

 

Teresa Calçada pediu a reforma no final de Dezembro.

 

À frente da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE) desde 1996, Teresa Calçada despede-se com a certeza que o programa vai continuar, apesar das dificuldades.

 

Não é exagero dizer que Teresa Calçada é a mãe da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE). Técnica do Instituto Português do Livro desde 1982, esteve na génese da criação da Rede de Bibliotecas Municipais e, anos mais tarde, fez parte do grupo que pensou as bibliotecas nas escolas, acabando por assumir a sua direcção. No final de 2013, depois de 17 anos à frente da RBE, pediu a reforma. "Não sei bem porquê", confessa. Contudo, tem a certeza que o trabalho começado não pode voltar atrás. Para já, vai fazer voluntariado com a sua amiga Isabel Alçada, autora e ex-ministra da Educação, na associação Voluntários de Leitura. Vão às escolas ler com os mais pequenos.

 

O Ministério da Educação e Ciência já fez saber que "está a analisar a substituição de Teresa Calçada que deixa o cargo por aposentação".

 

 [...]

A RBE tem vindo a sofrer cortes no seu orçamento. Houve anos em que o investimento ultrapassou os quatro milhões de euros, mas em 2013 tinha apenas 625 mil euros. Como é este ano?

O orçamento deste ano é equivalente ao do ano passado, que caiu. Caiu porque o sistema não precisa do que já precisou, houve picos e velocidade cruzeiro. Por outro lado, caiu porque houve quebra na despesa do Orçamento do Estado com a situação financeira que se vive na Europa e em Portugal, em particular.

 

 [...]

Essas competências têm vindo a mudar? Até que ponto a biblioteca escolar deixa de fazer sentido com as novas tecnologias, onde tudo se pode ler e procurar num tablet?

Hoje há multiliteracias que são mais completas. O que as bibliotecas têm é a obrigação de ajudar à capacitação leitora. Não há resultados a Matemática ou a qualquer outra disciplina curricular que não passe pelas competências leitoras.

 

As bibliotecas têm o papel de valorizar a curiosidade e a informação mas também treinam as competências para a leitura e para o uso das ferramentas todas. Aos professores, cabe-nos ajudar à leitura e à descodificação deste complexo mundo multimodal.

 

Qual é o maior desafio dos professores bibliotecários?

O grande desafio é desmistificar. Ajudar os alunos a perceber que, não é porque está na Internet que a informação é verdadeira. É preciso ajudá-los a distinguir o verdadeiro do falso, a saber manipular a informação, a ter um comportamento crítico.

 

Ninguém nasce leitor, aprendemos a ser no papel, agora temos de aprender naquilo que é a lógica dos gadgets e isso, é para nós, um dos objectivos das bibliotecas.

 

Um aluno que entra hoje na biblioteca não vai à procura de uma enciclopédia mas de um computador?

Naturalmente, como qualquer um de nós. É um instrumento que existe onde está tudo. Agora é preciso saber validar a informação que se recebe.

 

 [...]

A biblioteca escolar é um espaço onde os alunos vão nas horas vagas ou há um trabalho com o resto da escola?

Existe determinado tipo de matérias curriculares que podem ser feitas entre a sala de aula e a biblioteca. A escola é uma rede de informação. Quando nascemos era essencialmente para levar a literatura aos alunos. Hoje não temos medo que a biblioteca seja instrumental e construtora do sucesso académico dos alunos. E esta é uma mudança muito importante em todos, nomeadamente nos professores.

 

Mas a biblioteca também é o local para onde os professores mandam os alunos mais indisciplinados, quando se portam mal na sala de aula.

É para os que se portam mal e que vão ajudar a professora bibliotecária. Mas é também um lugar de acolhimento para os que têm de estar mais horas na escola, para os que gostam de estudar, para os que não gostam e vão à procura de ajuda. A biblioteca é uma forma de inclusão social.

 

Com a sua saída, a RBE corre o risco de acabar?

Não acredito que alguém faça essa maldade ao país!

 

Mas com uma aposta maior na autonomia das escolas, as bibliotecas não passarão a ser da responsabilidade daquelas e já não precisarão de pertencer a uma rede?

O sucesso da RBE não se deve apenas ao interesse dos ministros, mas também às direcções das escolas, se estas não acarinharem as bibliotecas, aquelas morrem. A biblioteca é da escola e tem de ser vivida à medida das necessidades de cada comunidade escolar. Portanto, já há autonomia. Mas também há um pacote de orientações que, para já, ainda precisa de ser central.

 

Ler mais no Público, 19 jan. >>

 

 

 

 

 

 

Fonte: http://www.publico.pt/sociedade/noticia/as-dificuldades-justificam-uma-politica-publica-de-leitura-nas-escolas-e-fora-delas-1620174

 

 

 

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