Neste dia, assinalam-se o Dia Internacional de Comemoração em Memória das Vítimas do Holocausto, ou Dia da Shoah, e o Dia Europeu de Memória do Holocausto.
Este dia surge na sequência de, neste dia, em 1945, o Exército Vermelho ter ocupado o campo de Auschwitz, na Polónia, começando o tratamento e libertação dos sobreviventes do extermínio nazi.
O tema de 2020 – "75 years after Auschwitz - Holocaust Education and Remembrance for Global Justice" – reflete a importância contínua, 75 anos após o Holocausto, da ação coletiva contra o antissemitismo e outras formas de preconceito para garantir o respeito pela dignidade e pelos direitos humanos de todas as pessoas, em todo o mundo.
Se isto é um Homem
Vós que viveis tranquilos
nas vossas casas aquecidas,
vós que encontrais regressando à noite
comida quente e rostos amigos,
considerai se isto é um homem:
quem trabalha na lama,
quem não conhece a paz,
quem luta por meio pão,
quem morre por um sim ou por um não.
Considerai se isto é uma mulher:
sem cabelo e sem nome,
sem mais força para recordar,
vazios os olhos e frio o regaço,
como uma rã no inverno.
Meditai que isto aconteceu.
Recomendo-vos estas palavras,
esculpi-as no vosso coração,
estando em casa, andando pela rua,
ao deitar-vos e ao levantar-vos.
Repeti-as aos vossos filhos.
Ou que desmorone a vossa casa,
que a doença vos entrave,
que os vossos filhos vos virem a cara.
Primo Levi (1946); tradução: Simonetta Cabrita Neto
Se estás interessado na "tua terra", não queres participar?
Se sim, fala com a professora bibliotecária!
As candidaturas das escolas podem ser feitas até ao dia 2 de fevereiro de 2020, com o envio da gravação do programa e do preenchimento do formulário de candidatura.
Poeta. E, como todos os poetas, nasceu! Acho que nunca morreu, nem morrerá!
Faleceu! Porto, 13 de junho de 200
HOJE ROUBEI TODAS AS ROSAS DOS JARDINS
Hoje roubei todas as rosas dos jardins e cheguei ao pé de ti de mãos vazias.
É URGENTE O AMOR
É urgente o amor. É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras, ódio, solidão e crueldade, alguns lamentos, muitas espadas.
É urgente inventar alegria, multiplicar os beijos, as searas, é urgente descobrir rosas e rios e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz impura, até doer. É urgente o amor, é urgente permanecer.
PASSAMOS PELAS COISAS SEM AS VER
Passamos pelas coisas sem as ver, gastos, como animais envelhecidos: se alguém chama por nós não respondemos, se alguém nos pede amor não estremecemos, como frutos de sombra sem sabor, vamos caindo ao chão, apodrecidos.
Eugénio de Andrade (1923 - 2005) desenvolve a parte mais importante da sua obra no Porto, para onde foi viver relativamente jovem por razões profissionais. Recebeu diversas distinções e prémios nacionais e internacionais.
Nasceu José Fontinhas, mas adotou o nome artístico de Eugénio de Andrade, nome pelo qual ficará conhecido. A sua vida começa no Fundão. Segue depois para Lisboa e Coimbra, antes de se fixar no Porto, como inspetor administrativo do Ministério da Saúde.
O seu primeiro livro, “Adolescente“ foi editado em 1942, mas é “As mãos e os Frutos”, em 1948, que lhe dá grande visibilidade. Escreveu sempre ao longo da sua vida e publicou dezenas de livros, participando ainda em diversas antologias.
Foi também autor de livros infantis e tradutor. Entre os autores que traduziu encontra-se Garcia Lorca. É também um dos poetas portugueses mais traduzidos.
Entre outros foi-lhe atribuído o grau de Grande Oficial da Ordem de Sant’Iago da Espada e a Grã-Cruz da Ordem de Mérito, o Prémio da Associação Internacional dos Críticos Literários, O Prémio Europeu de Poesia da Comunidade de Varchatz (da ex-Jugoslávia), o Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores e o Prémio Camões.
A 17 de janeiro de 1995, morre, no Instituto de Oncologia, em Coimbra, o escritor português Miguel Torga, pseudónimo do médico Adolfo Coelho da Rocha, autor de "A Criação do Mundo". Tinha 88 anos.
ESTUDO CARLOS BOTELHO
Em 1934, aos vinte e sete anos, Adolfo Correia Rocha cria o pseudónimo "Miguel" e "Torga". Miguel, em homenagem a dois grandes vultos da cultura ibérica: Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno. Já Torga é uma planta brava da montanha, que deita raízes fortes sob a aridez da rocha, de flor branca, arroxeada ou cor de vinho, com um caule incrivelmente rectilíneo.
Se puderes Sem angústia E sem pressa. E os passos que deres, Nesse caminho duro Do futuro Dá-os em liberdade. Enquanto não alcances Não descanses. De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado, Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar. Sempre a sonhar e vendo O logro da aventura. És homem, não te esqueças! Só é tua a loucura Onde, com lucidez, te reconheças...